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Cristina Branco 3(Cred_ Augusto Brázio)

‘Mulheres de Abril’ sheds light on the women José Afonso sang about — their intimate stories and the progressive vision he projected of women’s role in a society undergoing transformation.

The album brings together eight emblematic compositions: “Endechas a Bárbara Escrava”, “De Não Saber o Que Me Espera”, “Canção do Desterro”, “Teresa Torga”, “Canção da Paciência”, “Mulher da Erva”, “Verdade e Mentira” and “Verdes São os Campos”.

Release date: October 24 (exclusive CD and vinyl edition, already available for pre-order)
Digital release: November 28 (now available for pre-save)

Cristina Branco presents ‘Mulheres de Abril’

Lyrics

Lyrics: José Afonso

Muitos sóis e luas irão nascer
Mais ondas na praia rebentar
Já não tem sentido ter ou não ter
Vivo com o meu ódio a mendigar

Tenho muitos anos para sofrer
Mais do que uma vida para andar
Já não tem sentido ter ou não ter
Já não tenho pena sei esperar

A cobiça é fraca melhor dizer
A vida não presta para sonhar
Minha luz dos olhos que eu vi nascer
Num dia tão breve a clarear

As águas do rio são de correr
Cada vez mais perto sem parar
Sou como o morcego vejo sem ver
Sou como o sossego sei esperar

Muitos sóis e luas irão nascer
Mais ondas na praia rebentar
Já não tem sentido ter ou não ter
Vivo com o meu ódio a mendigar

As águas do rio são de correr
Cada vez mais perto sem parar
Sou como o morcego vejo sem ver
Sou como o sossego sei esperar

Lyrics: José Afonso

Vieram cedo mortos de cansaço
Adeus amigos não voltamos cá
O mar é tão grande e o mundo é tão largo
Maria Bonita onde vamos morar

Na barcarola canta a Marujada
– O mar que eu vi não é como o de lá
E a roda do leme e a proa molhada
Maria Bonita onde vamos parar

Nem uma nuvem sobre a maré cheia
O Sete-Estrelo sabe bem onde ir
E a velha teimava e a velha dizia
Maria Bonita onde vamos cair

À beira de água me criei um dia
– Remos e velas lá deixei a arder
Ao sol e ao vento na areia da praia
Maria Bonita onde vamos viver

Ganho a camisa tenho uma fortuna
Em terra alheia sei onde ficar
Eu sou como o vento que foi e não veio
Maria Bonita onde vamos morar

Sino de bronze lá na minha aldeia
Toca por mim que estou para abalar
E a fala da velha da velha matreira
Maria Bonita onde vamos penar

Vinham de longe todos o sabiam
Não se importavam quem os vinha ver
E a velha teimava e a velha dizia
Maria Bonita onde vamos morrer

Lyrics: José Afonso

De não saber o que me espera
Tirei a sorte à minha guerra
Recolhi sombras onde vira
Luzes de orvalho ao meio-dia

Vítima de só haver vaga
Entre uma mão e uma espada
Mas que maneira bicuda
De ir à guerra sem ajuda

Viemos pelo sol nascente
Vingámos a madrugada
Mas não encontramos nada
Sol e água

Mas não encontramos nada
Sol e água
De linhas tortas havia
Um pouco de maresia

Mas quem vencer esta meta
Que diga se a linha é recta
Mas quem vencer esta meta
Que diga se a linha é recta

De não saber o que me espera
Tirei a sorte à minha guerra
Recolhi sombras onde vira
Luzes de orvalho ao meio-dia

Vítima de só haver vaga
Entre uma mão e uma espada
Mas que maneira bicuda
De ir à guerra sem ajuda

Viemos pelo sol nascente
Vingámos a madrugada
Mas não encontramos nada
Sol e água

Mas não encontramos nada
Sol e água
De linhas tortas havia
Um pouco de maresia

Mas quem vencer esta meta
Que diga se a linha é recta
Mas quem vencer esta meta
Que diga se a linha é recta

Lyrics: ENDECHAS A BÁRBARA ESCRAVA

Aquela cativa que me tem cativo
Porque nela vivo já não quer que viva
Eu nunca vi rosa em suaves molhos
Que para meus olhos fosse mais formosa

Nem no campo flores nem no céu estrelas
Me parecem belas como os meus amores
Rosto singular olhos sossegados
Pretos e cansados mas não de matar

Uma graça viva que neles lhe mora
Para ser senhora de quem é cativa
Pretos os cabelos onde o povo vão
Perde opinião que os louros são belos

Pretidão de Amor tão doce a figura
Que a neve lhe jura que trocara a cor
Leda mansidão que o siso acompanha
Bem parece estranha mas bárbara não

Presença serena que a tormenta amansa
Nela, enfim, descansa toda a minha pena
Esta é a cativa que me tem cativo
E pois nela vivo é força que viva

Nem no campo flores nem no céu estrelas
Me parecem belas como os meus amores
Rosto singular olhos sossegados
Pretos e cansados mas não de matar

Lyrics: José Afonso

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia

Saia rota subindo a estrada
‘Inda a noite rompendo vem
A mulher pega na braçada
De erva fresca supremo bem

Canta a rola numa ramada
Pela estrada vai a mulher
Meu senhor nesta caminhada
Nem m’alembra do amanhecer

Há quem viva sem dar por nada
Há quem morra sem tal saber
Velha ardida velha queimada
Vende a fruta se queres comer

À noitinha a mulher alcança
Quem lhe compra do seu manjar
Para dar à cabrinha mansa
Erva fresca da cor do mar

Na calçada uma mancha negra
Cobriu tudo e ali ficou
Anda, velha da saia preta
Flor que ao vento no chão tombou

No Inverno terás fartura
Da erva fora supremo bem
Canta rola tua amargura
Manhã moça nunca mais vem.

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia

Lyrics: José Afonso

Em menino te ensinaram
Mentiras que a morte leva
Mentiras que a morte leva
Para outra morte bem longe

De pensares que outra contrária
Com a tua se aglomera
Neste livro de concórdia
Só tem guarida infinito

Só tem guarida infinito
Por Giordano Bruno amado
Como se fora seu filho
Como se fora seu filho

Acima da besta fera
Que na fogueira o lançava
Aquela verdade brilha
À morte à morte diziam

Os que não adivinhavam
Que era verdade a mentira
Até o mar se acomoda
E paciente requebra

E paciente requebra
Enquanto gritas à toa
A tua verdade cega
A tua verdade cega

Conta as areias da praia
O grande mago do mundo?
O grande mago do mundo?

Só não mente quem não sente
Que o mistério não tem fundo
Que o mistério não tem fundo

Lyrics: Luís Vaz de Camões

Verdes são os campos de cor de limão:
Assim são os olhos do meu coração
Campo, que te estendes com verdura bela
Ovelhas, que nela vosso pasto tendes

De ervas vos mantendes que traz o Verão
E eu das lembranças do meu coração
Isso que comeis não são ervas, não:
São graças dos olhos do meu coração

De ervas vos mantendes que traz o Verão
E eu das lembranças do meu coração
Isso que comeis não são ervas, não:
São graças dos olhos do meu coração

Lyrics: José Afonso

No centro da Avenida no cruzamento da rua
Às quatro em ponto perdida
Dançava uma mulher nua

A gente que via a cena
Correu para junto dela
No intuito de vesti-la
Mas surge António Capela

Que aproveitando a barbuda
Só pensa em fotografá-la
Mulher na democracia não é biombo de sala

Que aproveitando a barbuda
Só pensa em fotografá-la
Mulher na democracia não é biombo de sala

Dizem que se chama Teresa
Seu nome é Teresa Torga
Muda o pick-up em Benfica
Atura a malta da borga, aluga quartos de casa

Mas já foi primeira estrela
Agora é modelo à força
Que o diga António Capela

T’resa Torga T’resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha

T’resa Torga T’resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha

T’resa Torga T’resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha

T’resa Torga T’resa Torga
Vencida numa fornalha
Não há bandeira sem luta
Não há luta sem batalha

Credits

Cristina Branco – Vocals
Ricardo Dias – Piano
Bernardo Moreira – Double Bass
Alexandre Frazão – Drums
Mário Delgado – Guitars
Tomás Marques – Soprano Saxophone

Recording & Mixing – Nélson Carvalho
Arrangements & Production – Ricardo Dias
Mastering – Mário Barreiros
Recorded in February 2025 at Timbuktu Studios, Lisbon
Executive Production – Locomotiva Azul – Paulo Sousa Martins, Rita Almeida
Photography – Augusto Brázio
Styling – Dino Alves
Make-up – Fátima Jardim
Artwork Design – André Loureiro